domingo, 27 de março de 2011

Mouse ocular



Possibilitar a comunicação, aumentar a auto-estima e oferecer a reinserção social dos que não podem mais falar e se mover. Estes foram os objetivos que levaram o Professor Manoel Cardoso, engenheiro eletrônico de Manaus (AM), a criar o mouse ocular, solução que permite capturar e codificar os movimentos e as piscadas do globo ocular e transformá-los em sinais de comunicação, como as letras do alfabeto, que formam palavras e frases inteiras, e a execução de comandos em programas que permitem até a navegação na Web. A idéia surgiu em 1996, inicialmente como um projeto da Universidade Federal do Amazonas. Depois de visitar um paciente que rompeu as vértebras em um acidente e ficou sem movimento algum, mexendo apenas os olhos, Cardoso pensou em criar uma solução que permitisse às pessoas como aquele rapaz, a comunicação com o mundo exterior. "Fiquei muito sensibilizado com aquela situação", diz.



Depois de estudar o globo ocular e os sinais que movimentavam a íris, o professor criou uma solução que captura e codifica digitalmente os movimentos do globo, transformando-os em comandos de um software. Em 1999, o projeto foi assumido pela Fundação Desembargador Paulo Feitoza (AM), que investiu cerca de R$ 1 milhão somente na primeira fase do projeto. Cardoso explica que os sinais elétricos emitidos pelos olhos têm baixa tensão - cerca de 50 milionésimos de volts - e que um dos principais desafios é ampliar este número milhares de vezes para conseguir o impulso elétrico necessário. "Trabalhamos com 2,5 volts para codificar o sinal".

O Mouse Ocular oferece ao usuário, portador de deficiência motora, recursos para comunicação, Internet e controle, sendo muito eficaz para pacientes tetraplégicos. "Queria desenvolver uma tecnologia que fornecesse motivação para que aquelas pessoas quisessem continuar vivas, apesar da inércia na qual se encontravam. Enfim, amenizar o sofrimento, na medida do possível", enfatiza o professor. A patente do Mouse Ocular pertence à Fundação Paulo Feitoza, que poderá licenciar a tecnologia aos fabricantes de equipamentos médicos interessados em produzir a solução em grande escala. "A idéia é continuar aprimorando a solução com uso de tecnologias de inteligência artificial, processamento digital de imagens e robótica, além de armazenar todos os sinais emitidos pelos pacientes em um grande banco de dados, para desenvolver estudos mais aprofundados de reconhecimento e classificação de patologias", conclui Cardoso.

O Mouse Ocular utiliza a técnica da Eletro-oculografia (EOG), para captura e detecção do movimento ocular pela medição da atividade elétrica associada ao movimento, utilizando-se de eletrodos ECG de baixo custo instalados próximo aos olhos. Existem diversas maneiras de medir o movimento ocular, algumas muito mais precisas que EOG, mas estas são caras. A técnica por EOG é particularmente simples de coletar e analisar, mesmo com modesto equipamento. O objetivo principal é aproveitar a facilidade de uso desta técnica ocular (a precisão certeira no nível de pixel, porém, é a sua desvantagem).

O modulo eletrônico é o coração do sistema. Ele tem dois canais para conexão ao usuário, um micro controlador (espécie de computador em escala reduzida), e um canal serial para conexão a um computador. O módulo captura através dos eletrodos os sinais criados pelo movimento dos olhos, tais como deslocamentos e piscados, e os converte em uma seqüência de dados que o programa no computador entende e os converte em comandos para execução. Tudo que é preciso para iniciar a exploração do módulo eletrônico é um computador IBM-PC ou compatível com uma conexão serial tipo RS-232, sistema operacional Windows e um software browser de Internet.

O teclado virtual é um simples programa de entrada de dados para Windows 95/98/NT. Ele permite ao usuário entrar texto em qualquer aplicação. É projetado para fácil utilização, pois a disposição das teclas (botões) segue o padrão encontrado na maioria dos teclados de computadores padrão IBM-PC.O computador recebe da porta serial os comandos de movimentos e clicks, traduzidos pelo módulo eletrônico, para orientar o cursor sobre o teclado virtual e selecionar teclas, respectivamente. O texto é formado quando o usuário seleciona as letras clicando nas teclas alfanuméricas do teclado, e transferido para qualquer aplicação usando o recurso Clipboard do Windows (copiar/colar).

De acordo com o engenheiro eletrônico do projeto, Eder Martins Lima, o mouse ocular, foi criado através de um Sistema de Hardware e Software capaz de converter o movimento dos músculos que estão ao redor do globo ocular em sinais elétricos. “O mouse ocular é usado em volta dos olhos, sendo controlado por eles”, diz. Ele explicou que o mouse ocular utiliza eletrônica e sensores tipo eletrodos para traduzir os movimentos e piscar dos olhos em movimento e click de cursor, respectivamente, de tal forma que pode ser utilizado praticamente em qualquer atividade usando o mouse tradicional, inclusive navegação na web. Conforme dados da FPF, existe alto grau de compatibilidade do mouse ocular com o mouse tradicional, isto é, movimento dos olhos correspondendo a movimento do cursor, e piscar dos olhos esquerdo e direito correspondendo aos clicados dos botões esquerdo e direito, respectivamente – e associada execução de funções na tela. A patente do mouse ocular pertence à FPF, que poderá licenciar a tecnologia aos fabricantes de equipamentos médicos interessados em produzir a solução em grande escala. Em Manaus, o projeto mouse ocular logo estará no Hospital Francisca Mendes para ser testado por pacientes.


Fonte: http://pcworld.terra.com.br/pcw/update/9174.html
http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=6347
http://www.fpf.br/mouseotico/mouseotico.htm
http://www.netmarkt.com.br/noticia2003/1682.html
acesso em outubro 2003
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O invento foi apresentado no I Fórum de Tecnologia Assistiva e Inclusão Social da Pessoa Deficiente, realizado durante os dias 30 a 01 de abril de 2006, no Auditório da Unidade Ambulatorial de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – (UAFTO) – Belém – Pará. Na palestra do Coordenador de Desenvolvimento da Fundação Des. Paulo Feitoza, Dr. Rogério Caetano foi apresentado o Desenvolvimento de dispositivos Hardwares e Softwares para pessoas com deficiência – Mouse Ocular e Software A Voz do Mudo, duas das mais importantes inovações tecnológicas produzidas nos laboratórios da FPF, sediada no Pólo Industrial de Manaus.

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