quarta-feira, 23 de março de 2011

Quando a areia é um desafio

Quando a areia é um desafio


Vencer obstáculos nas áreas urbanas é a rotina de quem utiliza cadeira de rodas. Na praia, dificuldades se multiplicam

Ruy Aldo Locatelli Duarte, como milhares de outros jovens de 19 anos em Florianópolis, adora ficar perto do mar. Para concluir isso, é só olhar a expressão dele quando passeia junto à orla ou, melhor ainda, quando entra na água. A diferença para a maior parte desses milhares de rapazes é que Ruy sofre de paralisia cerebral e enfrenta sérias dificuldades de movimentação. Mas pode ser empurrado com facilidade por causa do modelo de cadeira de rodas projetada especialmente para a praia.

As principais características são as rodas, mais largas, para deslizarem na areia, e cheias de ar, como boias, o que, junto com a leveza dos materiais utilizados, permite à cadeira ser flutuante. O fabricante, de Porto Alegre, é amigo dos pais de Ruy e criou o modelo personalizado. A cadeira é usada há dois verões. Segundo a mãe do rapaz, Cristiana Duarte, a invenção facilita a vida de todos.

– Antes, se eu não pudesse vir à praia, ele também não poderia. E para trazer no mar precisava carregar no colo – conta. E cita também como vantagens a praticidade em lavar e transportar no carro.

A família de Ruy mora em Rio Branco (AC) e sempre vem a Santa Catarina para o verão. O grupo inclui o pai do garoto, Ruy Duarte, e a babá dele, Laila Maria Silva Moraes. O plano é nos próximos anos mudar-se para a cidade. Mas o Ruy pai não tem a mesma facilidade do filho para chegar ao mar: ele sofreu um acidente há dois anos, precisou amputar parte da perna direita e também utiliza uma cadeira de rodas, mas das comuns. Quando vai à praia, ainda acha mais fácil ficar, no máximo, nos bares junto à areia, por causa da dificuldade de locomoção. Ingleses é a praia preferida.

A 400 metros dali, as marcas fundas das rodas na areia fofa demonstravam o esforço que foi para Deodato Miranda, 73 anos, chegar um pouco mais perto do mar. Difícil?

– Não tem diferença. Nossa cultura não facilita, não há acesso – diz.

Sozinho, não conseguiria avançar os dez metros areia adentro. Quem o puxou até ali foi a mulher dele, Sônia Maria, 60 anos. Deodato perdeu movimentos do lado direito do corpo após uma isquemia cerebral. Às vezes, sugere que ela vá sozinha à praia para não passar trabalho.

– Mas vou deixá-lo em casa? Ele tem os direitos de todo mundo – defende Sônia Maria.
Fonte: FÁBIO BIANCHINI

fonte:http://www.reateam.com.br/portugues/noticias.php?idNoticia=18

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